Ver fotos dos alunos fantasiados, aqui
http://www.huffpostbrasil.com/2017/06/05/estudantes-fazem-festa-com-tema-se-nada-der-certo-e-se-fantasi_a_22126349/
PROPOSTA
Escreva uma dissertação cujo tema seja o preconceito em relação a algumas profissões.
DESAFIO 1
Na introdução, ocupe-se de evidenciar o caso do Colégio Marista. Mas, se possível, 'pule de cabeça' no tema que é o preconceito com determinadas profissões.
No desenvolvimento poderá usar argumentos de causa(s) ou de consequência (s). Mas pode optar por um de causa e outro de consequência.
Na introdução, ocupe-se de evidenciar o caso do Colégio Marista. Mas, se possível, 'pule de cabeça' no tema que é o preconceito com determinadas profissões.
No desenvolvimento poderá usar argumentos de causa(s) ou de consequência (s). Mas pode optar por um de causa e outro de consequência.
DESAFIO 2: SOMENTE NA CONCLUSÃO PODERÁ FAZER UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO.
texto 1
Uma atividade realizada por alunos do terceiro ano do Ensino Médio da Instituição Evangélica de Novo Hamburgo (IENH), no Rio Grande do Sul, virou alvo de uma avalanche de críticas nos últimos dias. Com o tema 'Se Nada Der Certo', os estudantes se vestiram com roupas características de profissões como vendedores ambulantes, garçons, atendentes de redes de fast-food, vendedoras de lojas de cosméticos e faxineiros.
Uma atividade realizada por alunos do terceiro ano do Ensino Médio da Instituição Evangélica de Novo Hamburgo (IENH), no Rio Grande do Sul, virou alvo de uma avalanche de críticas nos últimos dias. Com o tema 'Se Nada Der Certo', os estudantes se vestiram com roupas características de profissões como vendedores ambulantes, garçons, atendentes de redes de fast-food, vendedoras de lojas de cosméticos e faxineiros.
Rapidamente, as fotos da atividade começaram a circular pelas redes sociais e a página da instituição foi inundada de avaliações negativas. Muitos internautas fizeram publicações rechaçando a atitude da escola, acusando-a de elitismo e discriminação.
"A gente está fazendo um intervalo temático diferenciado e é uma ideia que várias escolas fazem chamada: 'Se Nada Der Certo'. Quando termina o ensino médio, as pessoas têm vários planos para o futuro como faculdade, vestibular... Mas se nada disso der certo, se você tiver que improvisar na vida é uma ideia do que fazer para ganhar dinheiro tendo só o ensino médio", explicou um estudante.
Procurada pela reportagem, o IENH ainda não se pronunciou. No Facebook e no site da escola, porém, há uma nota de esclarecimento, que diz que "o objetivo principal dessa atividade foi trabalhar o cenário de não aprovação no vestibular, de forma alguma foi fazer referência ao 'não dar certo na vida'" e que "atividades como essa auxiliam na sensibilização dos alunos quanto à conscientização da importância de pensar alternativas no caso de não sucesso no vestibular e também a lidar melhor com essa fase".http://www.folhavitoria.com.br/geral/noticia/2017/06/com-tema-se-nada-der-certo-atividade-de-escola-discrimina-profissoes.html
texto 2
O jovem Márcio Ruzon, filho de porteiro aposentado, deu uma resposta contundente ao Colégio Marista Champagnat, de Novo Hamburgo, região metropolitana de Porto Alegre, e a sua brincadeira “pedagógica”: “Se nada der certo”.
O jovem Márcio Ruzon, filho de porteiro aposentado, deu uma resposta contundente ao Colégio Marista Champagnat, de Novo Hamburgo, região metropolitana de Porto Alegre, e a sua brincadeira “pedagógica”: “Se nada der certo”.
Diz ele que seu pai se aposentou como porteiro porque ele não deu certo.
“Conseguiu sustentar 3 filhos (e minha mãe administrando como uma economista)
com pouco mais de um salário, hoje todos bem e com família, mas infelizmente
ele não deu certo” (leia a íntegra abaixo).
O texto ironiza a festa feita pelo colégio com o tema “Se nada der
certo”. A festa aconteceu em 2015, segundo o próprio colégio, mas veio à tona
somente agora com a reportagem de Luiza Belloni, no site Huffpost Brasil, publicada na
segunda-feira (5).
Pegou muito mal e o colégio se viu obrigado a pedir desculpas e retirar
as fotos da “festa” do seu site. “O Colégio Marista Champagnat, de Porto
Alegre, esclarece que o recreio temático aconteceu no ano de 2015 com
estudantes do 3º ano do Ensino Médio. No mesmo ano, a partir de uma reflexão
realizada com a comunidade educativa, entendemos que a temática não era
apropriada, por isso não ocorreram outros episódios em anos seguintes” (leia a
íntegra abaixo).
O problema é que os alunos foram fantasiados de garis, empregadas
domésticas, faxineiros, porteiros e outras profissões consideradas “menores”
por eles. “Para além de ser de péssimo gosto a festa temática do Colégio
Marista, esconde o que há de mais perverso no Brasil: o mito da meritocracia, a
crença do ‘quem quer consegue’”, diz Djamila Ribeiro.
O Grêmio Estudantil Maio de 68, da Fundação Liberato, também do Rio
Grande do Sul, lembra que “uma sociedade não vive e não funciona apenas com as
profissões supervalorizadas. Serviços básicos são necessários para termos uma
boa qualidade de vida e devem ser muito respeitados por todos nós”, no texto
pedagógico “E se tudo der certo”.
....
Texto do jovem Márcio Ruzon ao Colégio Marista:
Meu pai aposentou-se como porteiro. O mesmo que
vocês têm aí na entrada do Colégio, que os pais “que deram certo” passam e nem
cumprimentam.
Então, falando do meu pai, ele trabalhava feito um
condenado (aliás, mesmo depois que se aposentou teve que voltar à portaria pra
completar a renda). O que meu pai recebia de salário era uma mensalidade que as
famílias “que deram certo” pagam pra vocês ensinarem essa ética (ou falta dela)
aos estudantes.
Ele tinha uma Barra forte preta e com ela ia de sol
a sol, chuva a chuva, noite a noite, cuidar de fábricas ou de condomínios ao
estilo que os alunos moram ou que os pais “que deram certo” trabalham como
diretores, gerentes.
Aprendi a profissão com meu pai. Fui porteiro por
anos. Vi o que é você comer em pé ou no banheiro porque não tem ninguém pra
substituí-lo nos intervalos. Cansei de atender pessoas na guarita enquanto
mastigava um ovo frio.
Já usei papelão como mesa em cima da privada para almoçar.
Já usei papelão como mesa em cima da privada para almoçar.
Colégio Marista, meu pai não deu certo. Criou três
filhos junto com a minha mãe que ficava apreensiva em casa: -” Será que ele
volta?” Porque meu pai pegava estradas perigosas de madrugada, aliando-se ao
fato de muitas vezes cuidar de galpões abandonados, que era alvo de bandidos.
Mas ele não deu certo.
Conseguiu sustentar 3 filhos (e minha mãe
administrando como uma Economista) com pouco mais de um salário, hoje todos bem
e com família, mas infelizmente ele não deu certo.
Meu pai não é desses pais bacanas que param aí na
frente do Colégio, com Cherokees, Tucson, sorrindo pra quem convém e pisando
nos descartáveis.
Meu pai tem um Palio que vive quebrando, e mesmo
debilitado pela idade, levava todos os netos às escolas públicas. Levava e
buscava.
Mas, que pena! Meu pai não deu certo.
Quem deram certo foram essas famílias que dependem
da faxineira, do porteiro, do zelador, da cantineira, do gari, da empregada
doméstica. Eles deram certo!
Ainda bem que muita gente “dá errado” na vida,
senão quem iria preparar o lanche dos filhos que vão para o Colégio Marista? O
pai? A mãe? Não sabem nem como ligar um fogão! Mas deram certo, não é?
Fique um dia sem um gari na sua rua e no dia
seguinte você já está ligando na prefeitura fazendo birra! Ué? Pega uma
vassoura e varre! Você não “deu certo”?
Fique sem porteiro no condomínio e mundo para. Não
sabem descer pra atender o motoboy? Tem medo de quem seja? Pode ser um ladrão,
não é? Deixa que o porteiro arrisca (sem seguro de vida) a vida por você (com
seguro de vida).
Gente que não deu certo existe pra isso: mimar os
que deram certo.
Tenho orgulho de ter um pai que não deu certo,
Colégio Marista. E eu tenho orgulho de não ter dado certo também. Já pensou,
criar minha filha num ambiente que debocha de profissões, que em vez de
promover a isonomia e empatia, fomenta a segregação e a eugenia?
Deus me livre!
Aliás, por falar em deus, vocês são de formação
católica certo?
Se nada der certo, vocês vão virar carpinteiro
também? Embora eu sendo agnóstico, respeito muito um carpinteiro que “não deu
certo” e que vocês fingem amar. Que feio, Colégio! Ensinando crianças a
desprezarem seu Mestre?
Enfim, falei demais. Obrigado pela lição de hoje. Talvez tenha sido o único ensinamento que vocês deixaram:
Enfim, falei demais. Obrigado pela lição de hoje. Talvez tenha sido o único ensinamento que vocês deixaram:
Se nada der certo, vou para o Colégio Marista. Lá
pelo menos eu posso esconder meu ser vazio atrás de um patrimônio que consegui
pisando nos outros.
Viu, a lição de vocês acabou “dando certo”!
***
TEXTO 3
Considerações sobre o problema
Escolas devem ser locais de reflexão e contextualização sobre temas atuais no Brasil, como diferenças sociais, dificuldades de acesso a educação e trabalho, a relação entre ética e trabalho, e os mecanismos pelos quais o preconceito se perpetua.
- Precisa dar atenção a eventos realizados em suas dependências e analisar com cuidado se estão de acordo com a proposta educacional da instituição.
Escolas devem ser locais de reflexão e contextualização sobre temas atuais no Brasil, como diferenças sociais, dificuldades de acesso a educação e trabalho, a relação entre ética e trabalho, e os mecanismos pelos quais o preconceito se perpetua.
- Precisa dar atenção a eventos realizados em suas dependências e analisar com cuidado se estão de acordo com a proposta educacional da instituição.
Famílias
- Muitas vezes, sem perceber, estimulam o preconceito ao utilizar determinadas profissões como referência de fracasso ao tentar mobilizar os alunos a estudar mais.
- É importante discutir em casa, também, temas como trabalho, ética ou que itens definem o sucesso pessoal.
- Muitas vezes, sem perceber, estimulam o preconceito ao utilizar determinadas profissões como referência de fracasso ao tentar mobilizar os alunos a estudar mais.
- É importante discutir em casa, também, temas como trabalho, ética ou que itens definem o sucesso pessoal.
Fontes: orientadoras educacionais Denise Arina
Francisco e Eliane Dutra da Silva, e filósofa Cecília Pires
Texto 4
“ No
Brasil, a desvalorização de determinadas profissões remonta ao colonialismo. A
casa do senhor de engenho, ou a dos fazendeiros do café, abrigavam uma multidão
disponível para os serviços domésticos; havia gente suficiente para
limpar pratarias, dar banho nas crianças, velhos. E, mesmo depois da abolição
da escravidão, manteve-se esse enorme contingente a fazer os chamados serviços
menores.
No
século XX, anos 1960, lembro-me de mamãe e todos nós de sua família, chegando a São Paulo - saídos da fazenda do meu avó, em Minas - na companhia de
várias mocinhas cujos pais as davam às senhoras para serem empregadas domésticas. Tão comum em Minas esse ato de dar as
filhas para uma senhora que devia lhe pagar o que pudesse ou só garantir-lhe a
comida perdurou até os anos 1970.
Com a crescente urbanização e a universalização do ensino tem havido morosa ascensão social. Mas, apesar disso, permanece viva a tal mentalidade que desmerece as profissões - tão
fundamentais! - tais como a de faxineira,
garçom, gari, catador de lixo... Com isso, a baixa autoestima dos trabalhadores não
lhes dá força para reivindicar melhores ganhos. E assim, a mão de obra mantém-se
barata, o que é vantajoso para as outras classes. E o preconceito com essas profissões vigora.
Penso,
todavia, que isso não se sustentará por muito tempo! Cursos profissionalizantes, em função do aperfeiçoamento das chamadas profissões ‘menores’, vêm capacitando
melhor as pessoas. Um catador de lixo, por exemplo, já começa a ter orgulho de si e do seu
trabalho, pois sabe que é o responsável pela reciclagem, uma das fundamentais
soluções para o planeta''. Professora Rose Prado.
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