Pular para o conteúdo principal

Poder do Estado e direitos do cidadão: os limites da liberdade.


Esta proposta é bem antiga mas atual. 
Pode ser escrita agora, é uma Unicamp antiga que trata da intervenção do Estado na vida dos cidadão. 
À época desta redação a maioria das pessoas estava contra a obrigatoriedade do uso do cinto de segurança. Questionavam a tal lei. Alguns achavam certo não só o uso do cinto como a lei que o tornava obrigatório.
E o Estado ainda legislaria mais vezes, nessa espécie de invasão à vida privada. Uma dessas ingerências foi a criação da Lei da Palmada. Com ela, pais e mães que batessem nos filhos e fossem denunciados por vizinhos receberiam punição.
O que pensar sobre isso?
O cinto de segurança hoje virou hábito e sabemos que ele nos livra de acidentes de carro. A lei que não permite que se fume em recintos fechados hoje é bem aceita.
Pense bem e ... escreva seu texto. Tente atualizá-lo com exemplos mais atuais. Pode informar-se a respeito.
A proposta de intervenção é necessária.

PROPOSTA

A vida em sociedade exige uma clara definição dos limites entre a liberdade do cidadão e o poder do Estado. A análise de alguns casos de intervenção estatal na esfera privada (como os exemplificados em alguns dos fragmentos da coletânea a seguir) pode levar à conclusão de que, nesses casos, o Estado cerceia a liberdade individual, assumindo uma faceta totalitária. Pode-se argumentar, por outro lado, que tais medidas são inerentes ao papel do Estado, pois visam a garantir o bem-estar do cidadão e da sociedade como um todo.

Com base na leitura da coletânea, escreva um texto dissertativo sobre o seguinte tema: Poder do Estado e direitos do cidadão: os limites da liberdade.

ATUALIZANDO: faça proposta de intervenção. Escreva como se fosse para o ENEM. 


1.   “A polêmica surgiu. Há quem proteste contra a nova lei [obrigatoriedade do uso de cinto de segurança na cidade de São Paulo]. Que direito tem o Estado de interferir na minha segurança pessoal? Como é que legisla sobre os riscos que quero assumir? Vai agora proibir o alpinismo, a asa delta, o boxe? O álcool e o cigarro serão banidos da cidade? Merece ser multado quem passeia à noite pela praça da Sé? O suicídio está fora da lei? Sem dúvida, a obrigatoriedade do cinto de segurança está em desacordo com os princípios liberais. Se alguém quer arriscar a vida, recusando-se a usar o cinto, é problema dele. O Estado nada tem a ver com isso. (...) Mas será que, quando alguém deixa de usar cinto, está conscientemente optando pelo risco de ter um acidente fatal?” (Marcelo Coelho, Cinto desperta desejo de obedecer à lei, Folha de S.Paulo, 9/12/94)

2.   “Embora, em tese, o uso do cinto de segurança diminua os riscos em caso de acidente, a sua imposição cria uma situação em que o sujeito é protegido contra ele mesmo. ‘Por razões filosóficas, condeno a qualquer relação paternalista entre o Estado e o cidadão. É como se tornassem obrigatório, por exemplo, escovar os dentes. Não faz sentido. É preciso que o sujeito se convença de que aquele comportamento é melhor para ele’, diz Celso Bastos, presidente do Instituto Brasileiro de Direito Constitucional. Segundo Bastos, o uso de cinto de segurança deve ser determinado por critérios pessoais. Ele só admitiria a obrigatoriedade se ficasse provado que a ausência do cinto põe em perigo a vida de terceiros. Ele defende o uso de campanhas para mostrar a importância do cinto de segurança, deixando a opção de usá-lo ao indivíduo. (...) ‘O Estado tem que cuidar de coisas mais importantes, como o combate à violência. Isso ele não consegue fazer de maneira eficiente’, afirma Bastos.” (Eunice Nunes, Para jurista lei é paternalista, Folha de S.Paulo, 17/11/94)

    
3. “Ah, gozar a vida! Exercitar-se todo dia, não comer carne, não beber, usar camisinha, não consumir drogas e, claro, não fumar. Está aí a receita para atingir a meta final: morrer, sim, mas um minuto, três semanas, quatro meses ou alguns anos depois do amigo fumante, gordo, desregrado, carní- voro e promíscuo. (...) Foi, certamente, pensando nisso que o prefeito (...) resolveu proibir cigarro em restaurante. Está muito certo. Garante, assim, que na hora do repasto ninguém possa encurtar a vida. Ao menos com tabaco. Pense quanto tempo os paulistanos viverão a mais graças ao decreto! Pena que, por uma lamentável falha, não se cogitou em interditar a ingestão, comprovadamente maléfica, de doses excessivas de gordura, açúcar refinado e álcool nos restaurantes.” (Marcos Augusto Gonçalves, Obrigado por não fumar, Folha de S.Paulo, 1/10/95)


4.   “O norte-americano Arthur Younkin, de 45 anos, foi condenado a cumprir 95 dias de prisão por ser gordo. Um juiz da cidade de Wichita deu a sentença porque ele não cumpriu a ordem de perder peso ‘substancialmente’. Younkin pesa 200 quilos e, segundo seu advogado, a obrigatoriedade do controle de peso é inconstitucional. (...) Younkin foi mandado embora da lanchonete em que trabalhava, pois um cliente se queixou às autoridades de saúde da cidade que ele suava sobre a comida, apesar de usar duas camisetas e um pano protetor na cabeça. Convocado pelo juiz, Younkin reclamou que seu peso o impede de ter um emprego. Em vez de retirar a queixa, o juiz o enviou para uma instituição na qual ele só poderia consumir 1.200 calorias por dia, no máximo. Depois de perder 25 quilos, [o juiz] determinou sua liberação, com a condi- ção de que Younkin continuasse a fazer regime e a perder peso. Como não foi isso que ocorreu, o juiz decidiu colocá-lo atrás das grades.” (Americano vai preso por ser gordo, O Estado de S. Paulo, 20/10/9)


5. Ao Estado confere-se autoridade para promulgar e aplicar as leis que definem os costumes públicos lícitos, os crimes, bem como os direitos e as obrigações dos membros da sociedade. Exige-se dos membros da sociedade obediência ao governo ou ao Estado, mas reconhece-se o direito de resistência e de desobediência quando a sociedade julga o governo ou mesmo o Estado injusto, ilegal ou ilegítimo. A idéia de sociedade pressupõe a existência de indivíduos independentes e isolados, dotados de direitos naturais e individuais, que decidem, por um ato voluntário, tornarem-se sócios ou associados para vantagem recíproca e por interesses recíprocos. A sociedade civil é o Estado propriamente dito. Trata-se da sociedade vivendo sob o direito civil, isto é, sob as leis promulgadas e aplicadas pelo soberano. Feito o pacto ou o contrato [social], os contratantes transferiram o direito natural ao soberano e com isso autorizam a transformá-lo em direito civil ou direito positivo, garantindo a vida, a liberdade e a propriedade privada dos governados. Os indivíduos aceitam perder a liberdade civil; aceitam perder a posse natural para ganhar a individualidade civil, isto é, a cidadania. Enquanto criam a soberania e nela se fazem representar, são cidadãos. Enquanto se submetem às leis e à autoridade do governante que os representam, chamam-se súditos. São, pois, cidadãos do Estado e súditos das leis. (adaptado de Marilena Chauí, As filosofias políticas, Convite à Filosofia, 1994) 6. “Pegue uma ideia com charme internacional, embora algo supérflua numa
   cidade onde milhões vivem na pior miséria e violência. Venda essa idéia como imprescindível à nossa modernidade (...) e imponha o decreto aos poucos, antes como conselho, depois como multa e só no fim como prisão. Transforme os que aplicam as penalidades em propagandistas do Estado, militantes da pureza (do ar, por enquanto); submeta as vítimas a sermão, além de multa. Como na Alemanha dos anos 30, vá criando uma atmosfera de vergonha, estigmatize quem não se intimidar (...). Desloque os opositores, aqueles para quem democracia é mais do que uma ditadura da maioria, de modo que eles se vejam obrigados a defender as causas mais ridículas: o direito de se esborrachar no trânsito, de fumar até morrer. (...) O que ocorre é que em toda parte o Estado deixa de regular a economia e transfere sua força de repressão para a vida particular, psíquica e comportamental. O próprio Estado parece desmilinguir-se, mas só nas aparências: ele apenas muda de lugar, infiltra-se na capilaridade social. (...) Não é que o Estado esteja em crise e por conseqüência a sociedade se torne mais livre; ao contrário, a sociedade se totalitariza.” (Otavio Frias Filho, Cortina de Fumaça, Folha de S.Paulo, 28/9/95).


 6. O Partido ordenava que o indivíduo rejeitasse a prova visual e auditiva. (...) Eles [os intelectuais do Partido] estavam errados! O óbvio, o tolo e o verdadeiro tinham que ser defendidos. Os truísmos são verdadeiros, esse é que é o fato! O mundo sólido existe, suas leis não mudam. As pe-dras são duras, a água é líquida, os objetos largados no ar caem sobre a crosta da terra. Com a impressão (...) de estar fixando um importante axioma, ele escreveu: A liberdade é a liberdade de dizer que dois e dois são quatro. Admitindo-se isto, tudo o mais decorre. ............................................................. Não podia mais lutar contra o Partido. Além disso, o Partido tinha razão. Devia ter: como poderia enganar-se o cérebro imortal coletivo? (...) A santidade era estatística. Era apenas a questão de aprender a pensar como o Partido. (...) O lápis pareceu-lhe grosso e desajeitado entre os dedos. Começou a grafar os pensamentos que lhe vinham à cabeça. Primeiro escreveu em grandes letras trêmulas: LIBERDADE É ESCRAVIDÃO. Depois, quase sem pausa, escreveu por baixo: DOIS E DOIS SÃO CINCO 
(os trechos acima, extraídos do livro 1984, de George Orwell, tematizam a angústia da personagem Winston, que vive em uma sociedade governada totalitariamente por um partido único).
         

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

TEMA DE REDAÇÃO: O MEDO

Proposta com base para a reflexão. Serve para treino da Fuvest. A violência marca presença no mundo contemporâneo. Por isso, vamos nos tornando indivíduos assustados e, possivelmente, bem mais, que nossos avós e bisavós. Nosso medo também tem causa nos atentados terroristas, problemas ecológicos; epidemias e outras mazelas. Medo de amar; medo de não amar, medo da solidão e da multidão.  O que é o medo para você? Um sentimento que nos protege, ou, um impedimento para avançar em direção a uma vida mais intensa? Um exagero forjado por pessoas apocalípticas ? Escreva um texto argumentativo em que analise o medo, em âmbito mais geral e, depois, fazendo um recorte temático para a contemporaneidade. .......................................................................................................... ATENÇÃO 1 NÃO SE ESQUEÇAM DE QUE É PRECISO ELABORAR SUA TESE. 2 ESCOLHI TEXTOS LONGOS, NÃO OS EDITEI PARA LHES DAR UMA BASE MAIOR SOBRE O ASSUNTO. .......................

Proposta de redação, estilo Fuvest. Tema: solidão

ROPOSTA ELABORADA POR MIM, ROSE MARINHO PRADO, PROFESSORA DE REDAÇÃO. AULAS? AINDA TENHO ALGUMAS JANELAS DE AULA PARTICULAR ( UM ALUNO). MAS GASTE POUCO EM AULAS DE DOIS EM DOIS. PAGUE AULA INDIVIDUAL E DIVIDA COM ALGUÉM QUE TENHA O MESMO NÍVEL DE DIFICULDADE. EU CONSIGO O ALUNO PARA COMPARTILHAR O VALOR E O SABER. PRIMEIRA AULA GRÁTIS.  FALEM POR AQUI, VEJAM AVALIAÇÕES DE EX-ALUNOS .https://www.facebook.com/pg/aula.de.redacao.online/reviews/?ref=page_internal E para quem quer reciclagem gramatical, aqui, no Youtube, aula gratuita.  https://www.youtube.com/watch?v=A4IF_FXvjgw&t=4s vamos à leitura???? Atenção! Minhas propostas de redação são longas, porque quero formular uma base para a reflexão. Pois nem todos os alunos apresentam repertório cultural pronto para fazer uma redação, digamos, estilo Fuvest. Por isso, peço que leiam tudo o que o seu tempo permitir. Anotem ideias, autores (nada de decorar frases, só se houver tempo. Citem o autor

Carta argumentativa. Tema: vocação

ESCREVA UMA CARTA ARGUMENTATIVA A SEUS PAIS -  TIOS OU AVÓS. NELA VOCÊ DEFENDERÁ A TESE A RESPEITO DA ESCOLHA DA SUA PROFISSÃO. OPÇÕES: A - VOCÊ OPTOU POR UMA CARREIRA QUE OFERECE BOA CONDIÇÃO FINANCEIRA (DE ACORDO COM AS ESTATÍSTICAS DOS INSTITUTOS DE PESQUISA).  COM SUA OPÇÃO, IRÁ DECEPCIONAR SEUS PAIS E, POR ISSO, TERÁ DE ARGUMENTAR, VISANDO À APROVAÇÃO DELES QUE SÃO QUEM PAGA SEU CURSINHO. B - VOCÊ OPTOU POR UMA CARREIRA QUE NÃO OFERECE BOA CONDIÇÃO FINANCEIRA ( DE ACORDO COM ESTATÍSTICAS DOS INSTITUTOS DE PESQUISA). VAI DECEPCIONAR SEUS PARENTES E, PRINCIPALMENTE, SEU AVÔ.  POR ISSO, TERÁ DE ARGUMENTAR, VISANDO À APROVAÇÃO DELE QUE SE PROPÔS A PAGAR SEU CURSINHO. Escreva de acordo com os critérios da Unicamp. Aqui: http://guiadoestudante.abril.com.br/universidades/saiba-como-sao-as-provas-de-redacao-da-unesp-fuvest-e-unicamp/ OPÇÃO: poderá escrever uma dissertação argumentativa, estilo Unesp, se desejar. A escolha duma profissão: olho no mercado ou na vocaç