Os últimos dados sobre a violência no Brasil, divulgados nesta segunda-feira (30), mostram um país em estado de guerra, disse o senador Paulo Rocha (PT-PA). Ele chamou atenção para o levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, segundo o qual o Brasil registrou 61.619 mortes violentas em 2016.
Os números mostram sete assassinatos por hora, com um aumento de 3.8% em relação a 2015. As principais vítimas são homens e jovens.
Paulo Rocha também lamentou os cortes nos orçamentos da segurança pública. Os governos gastaram 2,6% a menos no ano passado. A maior redução, como informou o parlamentar, aconteceu nos gastos do governo federal. Foram 10,3% a menos.
Entre as sugestões do Fórum Brasileiro de Segurança Pública para reverter esse quadro de violência, de acordo com Paulo Rocha, são políticas de desarmamento.
— Controle de armas e munições. É preciso tirá-las de circulação, como São Paulo fez no início dos anos 2000. Com blitzes constantes. Isso tem que voltar a ser feito — afirmou.https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2017/10/30/paulo-rocha-lamenta-aumento-da-violencia-no-brasil
AQUI HÁ GRÁFICOS DIFÍCEIS DE SEREM COPIADOS NA PÁGINA.
LEIA TUDO.
Por que o Brasil que é conhecido pelo seu povo cordato, cordial, não belicoso, que aceita sem resmungar uma série de indignidades, se tornou um povo de elevada violência?
Não éramos assim há 60 anos.
Uma interessante pesquisa de Metin Basoglu, Journal of the American Medical Association, vol 294, dá umas indicações do porquê.
Entrevistando vítimas da guerra da Bósnia perceberam que o que mais revoltava todos era a falta de um certo tipo de vingança.
Isto gerava raiva, impotência, desmoralização pessoal, perda de significado na vontade de viver, daí os terroristas suicidas.
Também surgia um pessimismo contra o futuro, uma descrença na humanidade em geral. 3 a 5% responderam que estariam dispostos a fazer vingança pelas próprias mãos.
Isto tocou um nervo sensível porque sempre acreditei que este pessimismo exagerado da nossa imprensa, esta descrença total no ser humano deixaria sequelas, mas nunca tinha me atentado que violência seria uma delas.
Perdemos autoconfiança.
Perdemos autoestima na medida que viramos joguetes de políticos jamais punidos.
Imaginem, diz Metin Basoglu, que sua casa foi invadida, sua filha foi humilhada, sequestrada, torturada, abusada ou assassinada.
E, nada irá acontecer com os culpados.
Muitos outros atos nos deixam revoltados e impotentes, ensejando uma vontade de vingança.
“Economic policies that contribute to poverty in the name of national interests”, diz Metin, ou como nossa carga tributária de 42% que nos empobrece.
“Pesquisas mostram que a vingança ou um simulacro dela, atenua o sentido de impotência e raiva“.
Advogados saberão melhor do que eu, o medo que sempre tiveram do fenômeno social “olho por olho”.
Por isto, criamos toda uma doutrina jurídica que substituiu “vingança” por “justiça”.
Com “justiça” eliminamos a vingança da família prejudicada ou ofendida, que muitas vezes gerava o olho por olho que termina em lutas étnicas.
Quem faz “justiça” é uma terceira pessoa, com regras claras, que se forem “justas”, impediriam o olho por olho.
Acontece, que um Judiciário que demora 10 anos para decidir gera os mesmos sentimentos que Metin aponta no seu estudo.
Quando governos roubam 30% de nossa poupança e ninguém sequer comenta o roubo, gera os mesmos sentimentos de humilhação.
Quando temos na justiça mais de um milhão de processos pedindo ressarcimento das manipulações de índices de correção monetária, Plano Bresser, Fundo de Emergência nunca devolvido, há mais de 20 anos na justiça, cria um sentimento de vingança no ar.
Nenhum dos culpados foi processado, pelo contrário, são glorificados.
Os próprios atos de terrorismo são reações naturais a este sentimento de impotência.
Quando a televisão noticia essas atrocidades, antes que os culpados sejam sequer identificados muitos menos condenados, cria no telespectador um imediato sentimento de injustiça e desejo de vingança.
E violência que gera mais violência.
Algo para se pensar.http://blog.kanitz.com.br/como-reduzir-a-violencia-no-brasil/
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