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ESTUDOS DE UM GRUPO IMAGINÁRIO. PARA FUVEST

Regina depois de beber café e cair no tanque de água, melhorou da bebedeira. Abraçou Rafael.

- Vamos falar sobre o Jean Luc Ferry, Regina. Leia um trecho e discutimos. Logo vovó chegará e pedirá pizza pra todos.

Aqui:

"Já ouvi falar dezenas de vezes desse caso da garota Isabella, e estamos todos chocados, tanto quanto com o caso de incesto da Áustria. O importante é que, hoje, esses episódios deixam a maior parte da população escandalizada. Analisando historicamente, percebemos que nem sempre as pessoas ficaram chocadas com histórias como essas. Até o século 18, antes do nascimento da família moderna, cerca de 30% das crianças eram abandonadas. No norte da França, as mortes chegavam a 90% no primeiro ano de vida. Na Idade Média, a morte de uma criança era menos importante que a perda de um cavalo. Existiam diferenças em relação ao primogênito, mas, em geral, as crianças simplesmente eram abandonadas para morrer. A situação mudou completamente. E, no futuro, a família deve se tornar ainda mais importante".


- ... esse filósofo é otimista demais. Penso que erre.


-  Não, disse Rafael. Ele tem razão. Leia mais.


"Porque o ser humano é uma das últimas coisas sagradas hoje em dia. Na história, o sagrado (aquilo pelo qual somos capazes de arriscar nossa vida) mudou muito. Os europeus já morreram por 3 grandes motivos: Deus, a pátria e a revolução. Nos últimos séculos, houve mortes maciças em guerras de religião, nacionalistas e guerras revolucionárias. Esses motivos desapareceram. Os jovens ocidentais de hoje não são capazes de morrer nem pela pátria, nem por Deus, nem pela revolução. Acabou.

Existem os extremismos políticos, mas acredito que, entre os ocidentais, nem mesmo os 5% de extrema direita ou esquerda morreriam por um ideal. No entanto, os únicos seres pelos quais seríamos capazes de arriscar nossa vida são os outros seres humanos – nossos filhos, nossos amigos ou mesmo pessoas que passam por situações graves de miséria, como os famintos da África e os movimentos humanitários que tentam salvá-los. O sagrado não desapareceu, ele só mudou de lugar e se encarnou na humanidade. Passamos da transcendência vertical – Deus, pátria, as grandes utopias – para a transcendência horizontal – os homens. Na minha opinião, trata-se de uma grande mudança. É uma maravilha não morrer por motivos estúpidos, e sim para salvar outros seres humanos. Muita gente acha que o fim das utopias é uma tragédia. Para mim, é uma coisa formidável."
Regina coça a cabeça:
- Me dá mais uma cerveja, Rafa.
- Não, você tem vestibular amanhã. Perceba que Jean Luc Ferry aponta um otimismo em relação à humanidade.  Ele afirma que hoje há quem morra para salvar seres humanos e, não, por utopias que hoje não vingam mais.
- Você acredita, mas eu penso nos homens-bomba. Jean Luc crê que o fim das ideologias nos ajudam. Ele põe contra as ideias de Bauman.
- Não é bem assim. A análise de Bauman é correta. As utopias acabaram. Há uma decepção, mas, junto a isso, surgem novos pensamentos e novas lutas. Digamos que mais concretas  e menos envolvidas com interesses de governo, ou de grupos hegemônicos. Leia mais.
"O amor é uma das poucas coisas absolutas, indiscutíveis hoje em dia. E a única coisa capaz de dar sentido à vida é o absoluto. Antigamente, o valor absoluto era uma coisa transcendente, ou seja, superior a nós, como Deus e a eternidade. O valor absoluto caía do céu. Mas agora ele está em nós, o que eu chamo de uma “transcendência na imanência”. É mais ou menos como quando alguém se apaixona: ele descobre a transcendência do outro, mas consciente de que o sentimento foi criado dentro de si. A verdade não é mais descoberta hoje sob argumentos autoritários, superiores, mas na sua parte mais íntima – o coração.''
- Parece interessante, Rafael. Mas o que Ferry acha do terrorismo islâmico?
- Aqui, ele responde a uma pergunta.
''O Islã é o problema?
Não. É o islamismo fanático, o Estado Islâmico, a Al-Qaeda. Não se deve confundir muçulmano e islamista, religião e fundamentalismo fanático, e um dos desafios de hoje é justamente evitar o amálgama. Dito isso, o islamismo fanático se parece muito com o nazismo, ao menos em pontos fundamentais. Em primeiro lugar, um formidável sentimento de humilhação, que o fundamentalismo vai buscar na história da colonização, como a Alemanha hitleriana buscou no Tratado de Versalhes. Em segundo, uma miséria social e humana, a dos países devastados pelas guerras comunitárias, a das banlieues (subúrbios) pobres, análoga em certo sentido ao marasmo que se seguiu à crise de 1929. Igualmente, uma ideologia forte, cheia de sentido e de porvir radioso, de virgens e de retorno à idade de ouro, diante de Estados laicos desesperadamente neutros, porque voluntariamente desprovidos de ideologia oficial. Em quarto lugar, o fundamentalismo compartilha com o nazismo uma visão de comunitarismo, ou melhor, "holística" do mundo: o fanático não distingue o indivíduo, mas somente os "membros", no sentido biológico do termo, ou seja, de partes de uma totalidade orgânica que não possuem nenhuma autonomia pessoal. Subitamente, a guerra opõe uma comunidade a outra sob uma perspectiva na qual a pessoa não existe mais, não é mais nem mulher, nem criança, nem inocente: é preciso erradicar a comunidade da face da terra "sem poupar os pequenos", como já diziam os nazis franceses. Todas essas ideologias culminam em um verdadeiro ódio da Europa do Iluminismo, uma fúria hostil que, sob o nazismo, se enraizava no romantismo alemão, mas que, no fundamentalismo de hoje, se cristaliza contra Israel, braço armado do Ocidente na terra do Islã, um país democrático culpado de todos os pecados que se podem enumerar.''http://super.abril.com.br/comportamento/entrevista-com-luc-ferry/
- Regina, leia o texto do pensador de esquerda Slavoj Zizek. Ele explica bem o Estado Islâmico.
'' Quando um budista encontra um hedonista ocidental não o condena de fato. Se limita a observar pacificamente que a busca pela felicidade do hedonista é contrária ao seu pensamento. Ao contrário dos verdadeiros fundamentalistas, os pseudo fundamentalistas terroristas são profundamente irritados, intrigados, fascinados pela vida pecaminosa dos que não possuem tal crença: se tem a sensação que combatendo o pecador estão combatendo a sua própria tentação ao pecado.
O terror do fundamentalismo islâmico não está arraigado na convicção dos terroristas da sua própria superioridade, em um desejo de preservar a própria identidade cultural e religiosa do furioso assalto da civilização consumista mundial. O problema dos fundamentalistas não é que se sintam inferiores a nós, mas ao contrário, que eles mesmos se consideram secretamente inferiores. É por isso que quando os tranquilizamos, cheios de condescendência e do politicamente correto, que não nos sentimos absolutamente superiores a eles, não fazemos outro que os inferiorizar ainda mais e alimentar o seu ressentimento. O problema não é a diferença cultural (o seu esforço para preservar a própria identidade), mas ao contrário, o fato que os fundamentalistas já são como nós, que secretamente tem já interiorizado os nossos parâmetros e medem a si mesmos com base nisso.
O fundamentalismo é uma reação – uma reação falsa e mistificadora, naturalmente – contra um defeito real do liberalismo, e é por isso que o liberalismo o gera repetidamente. Para que essa tradição fundamental possa sobreviver, o liberalismo necessita de auxílio fraterno da esquerda radical. É a única forma para derrotar o fundamentalismo, cortar a grama sob seus pés.'' Quando um budista encontra um hedonista ocidental não o condena de fato. Se limita a observar pacificamente que a busca pela felicidade do hedonista é contrária ao seu pensamento. Ao contrário dos verdadeiros fundamentalistas, os pseudo fundamentalistas terroristas são profundamente irritados, intrigados, fascinados pela vida pecaminosa dos que não possuem tal crença: se tem a sensação que combatendo o pecador estão combatendo a sua própria tentação ao pecado" http://www.pragmatismopolitico.com.br/2015/01/slavoj-zizek-como-lidar-com-fundamentalistas.html.
- Regina, pare de beber tanto. Jean Luc Ferry é um filósofo otimista em relação à humanidade. Ele poderá ajudar na compreensão de uma proposta de redação mais voltada para questões amplas, humanistas.
- Rafael, um dia acabará o Estado Islâmico?
- Creio que não. Leia isto:
"O Estado Islâmico opera em ambientes urbanos e oferece aos recrutas a oportunidade imediata de lutar. Faz anúncios com a distribuição de podcasts emocionantes produzidos pelos combatentes da linha de frente dos confrontos e consegue até parceiras sexuais para seus recrutas", explica a acadêmica Audrey Kurth Cronin.

Muitos jovens são atraídos pelo grupo mesmo sem entender qual é o objetivo. "Comparando com a mensagem austera da Al Qaeda, os EUA têm muita dificuldade para combater o apelo do EI, talvez por uma razão muito simples: o desejo de poder e de resultados imediatos também permeia a cultura americana", aposta Audrey. 

Aí entra o dinheiro, ressalta Aguilar, já que os combatentes recebem salários e há um plano de carreira. Conforme se sobe na hierarquia, maior é o salário. "O dinheiro da venda do petróleo no mercado negro faz do EI o mais rico grupo jihadista da atualidade. Essa é a razão dos EUA estarem focando agora em atacar os comboios que levam combustível. Se não houver dinheiro para pagar os combatentes, com certeza muitos desertarão, o que enfraqueceria o grupo", afirma o especialista da Unesp.".


Rafael percebe que o  resto da turma dorme sobre as almofadas.

- Vamos deixar que durmam. Estudam demais e a Fuvest é amanhã. Mas para terminar. Leio para você.
Regina, viva em paz. Os perigos sempre há.  Vamos para casa, parece que vovó não voltará cedo. Pegamos um táxi ou uber e ...melhor acordar o pessoal e .....

- Quer que eu leia mais? Lerei no táxi. Vamos acordar o pessoal.

E foram-se cada um para sua casa. Amanhã é a Fuvest, eles precisam dormir.

"O Estado Islâmico opera em ambientes urbanos e oferece aos recrutas a oportunidade imediata de lutar. Faz anúncios com a distribuição de podcasts emocionantes produzidos pelos combatentes da linha de frente dos confrontos e consegue até parceiras sexuais para seus recrutas", explica a acadêmica Audrey Kurth Cronin.

Muitos jovens são atraídos pelo grupo mesmo sem entender qual é o objetivo. "Comparando com a mensagem austera da Al Qaeda, os EUA têm muita dificuldade para combater o apelo do EI, talvez por uma razão muito simples: o desejo de poder e de resultados imediatos também permeia a cultura americana", aposta Audrey. 


Aí entra o dinheiro, ressalta Aguilar, já que os combatentes recebem salários e há um plano de carreira. Conforme se sobe na hierarquia, maior é o salário. "O dinheiro da venda do petróleo no mercado negro faz do EI o mais rico grupo jihadista da atualidade. Essa é a razão dos EUA estarem focando agora em atacar os comboios que levam combustível. Se não houver dinheiro para pagar os combatentes, com certeza muitos desertarão, o que enfraqueceria o grupo", afirma o especialista da Unesp'.http://www.pragmatismopolitico.com.br/2015/01/slavoj-zizek-como-lidar-com-fundamentalistas.html.


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