Atenção
Para ir bem nessa prova, é necessário que vocês prestem atenção no
enunciado. Porque não basta escrever bem, é necessário fazer o que a banca
solicita.
Se pedem que é para expor três itens não sei do quê, tem de fazer isso;
se pedem para se dirigir a não sei quem, é preciso fazer isso; se pedem para
usar o texto que eles dão, a mesma coisa. Esse é o ponto, pessoal.
E, além disso, a banca quer saber da interação entre falantes, do
propósito para o qual o texto é escrito ( isso se chama intenção do falante, é
linguística – aprendi na faculdade). E estarão interessados nas situações em
que o texto foi/será produzido. Por exemplo: próximo do seu aniversário vocês
querem convidar seus amigos, então, fazem um convite a eles. Isso, o convite, é
o que se chama gênero discursivo. Entenderam? Mas, além dos gêneros ( convites,
declarações, comentários, artigos de opinião...) há também os tipos textuais,
que, para vocês, já são conhecidos ( espero, tenho fé em Deus!).
Como saber a que tipo pertence um texto? Pelas marcas lexicais ( léxico é
o conjunto de todas as palavras de uma língua, assim, mais adjetivos, mais
substantivos...); pelas relações lógicas, ligações sintáticas. São cinco os
tipos: narração, injunção, descrição, exposição, argumentação.
Narração - geralmente, iniciam com o verbo no passado, é um
circunstancial de tempo e lugar. Terá ação! O elemento central é a sequência
temporal.
O ano passado, numa festa, João, conheceu um homem que lhe prometeu
adivinhar as propostas da Unicamp.
Descrição - o tempo é sempre o mesmo, presente, ou passado. E
depois os detalhes, geralmente, com adjetivos.
Tarcísio usava um paletó largo, uma flor de pano na lapela. O rosto
suave, mas a voz de um pajé.
Expositivos
( textos que relatam)– ligam coisas que acontecem ( fenômenos).
Geralmente explicam coisas ( podem fazer parte de uma narrativa).
Exemplo:
ele sempre saía com um boné, queria proteger-se dos que caçoavam de seu cabelo
vermelho.
Argumentativos – vou usar o argumentativo
de um texto de um professor. Reparem que a argumentação nem sempre estará
fazendo parte da dissertação. Pode aparecer num personagem que narra.
‘’Trata-se de um enunciado de atribuição de
qualidades ou valores. Há um claro predomínio de sequências textuais
contrastivas explícitas e de criação de conceitos a partir
do próprio discurso com o objetivo
de persuadir o interlocutor.
Ex: — Muito bem! — disse Sam desanimado. — Mas eu vou
primeiro.
— Você? — disse Frodo. — O que o fez mudar de ideia sobre
descer?
— Não mudei de ideia. É apenas bom senso: que vá primeiro aquele que
tem mais probabilidade de escorregar. Não quero cair em cima do senhor
e derrubá-lo — é insensatez matar dois
numa só queda. (J. R. R. Tolkien, O senhor dos anéis, As duas
torres, p. 637.)’’
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LEIAM AQUI
Injuntivos – ou interativos
São enunciados
incitadores à ação. Nota-se claramente sua função apelativa ( a que é dirigida ao receptor do texto), uma vez que tende a possuir sequências
com verbos no imperativo.
Ex: Parem! Parem! — gritou Galdalf, saltando na direção da
escada de pedra diante da porta. — Parem com esta loucura! (J. R. R.
Tolkien, O senhor dos anéis, O retorno do rei, p. 901.)
OBSERVAÇÃO – um mesmo gênero normalmente pode ter diferentes sequências
textuais de diferentes tipologias. No gênero “redação escolar” predominam
as sequências argumentativas, mas é possível identificar enunciados
expositivos ou injuntivos, por exemplo. O romance terá todas essas
sequências trabalhando em função da narração.
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VAMOS AOS GÊNEROS?
Narrativos – crônica, romance, conto
Informativos/ expositivos ( os que relatam) - bilhete, informe,
notícia ( notícia não é artigo de opinião, certo?), folheto, e-mail, carta,
folder de campanha publicitária ou de político, entrevista.
Argumentativos - artigo de opinião, anúncio publicitário, resenha
crítica, carta do leitor, editorial, carta de reclamação, carta de solicitação,
manifesto,.
Expositivo - resumo, sinopse, relatório, discurso,
apontamento de entrevista de emprego, reportagem, entrevista de especialista,
anúncio publicitário.
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Lembrete – vocês irão produzir textos, depois que tiverem lido o texto
base, que poderá pertencer a gêneros ( e tipos) vários.
Para isso, deverão ler bem o texto. No ano passado deram gráficos, o que
eu acho um horror, pois não tenho familiaridade com números. Mas creio que
vocês adorem!
De qualquer modo, a Unicamp pede que vocês brinquem de passar duma
modalidade de texto à outra. É um jogo complicado que exige um cérebro
descansado. Quem chegar lá cansado, não sei se conseguirá saltar de gêneros
para gêneros.
A lista de leitura é ampla: diários, receita, agenda, panfletos, contos,
poemas,gráficos, tabelas. Então, leia com calma e entenda o gênero para poder
transformar o texto em outro gênero.
Na avaliação agora haverá o propósito ( qual é a finalidade do texto), a
interlocução ( quem produz e quem vai ler) e o gênero ( já expus
acima). Cada modalidade ( essas 3) valerá 1 ponto. A comissão instituiu
isso. Se não cumprir o que pedem perderão 1 ponto. Portanto, amigos, não basta
escrever bem, há de se prestar atenção ao propósito, interlocução e gênero.
Entenderam, amigos?
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DICAS GERAIS
EDITORIAL - exige a contextualização do tema logo no primeiro
parágrafo, o leitor precisa situar-se sobre o assunto. Depois, coloque as
causas e indicativos CONCRETOS ( o texto dado pela banca deverá conter os
dados).
Fazer uma breve análise do problema e evidenciar a importância do tema.
Se puder, se houver, apresentar uma solução para o problema. A conclusão
deverá ser ênfase ao posicionamento crítico. Afinal, todo editorial reflete a
posição dos ‘’donos’’ do jornal.
O editorial exige um título.
ATENÇÃO: se a Unicamp pedir um título e o aluno não colocar perderá 1
ponto.
Percebam que a prova da Unicamp deseja, acima
de tudo, que o candidato esteja atento ao que ela solicita. Portanto quem tem
déficit de atenção, tome um café forte antes de fazer a prova. Sei lá...molhe o
cabelo, faça alguma coisa para ficar bem atentos.
Não há por parte da banca da Unicamp ( ao
menos a partir da implantação desta nova modalidade de prova) a intenção de
avaliar a criatividade do aluno.
Para quem eu havia dito que podia ser
criativo, retiro o que disse, isso acontecia na antiga modalidade, agora não.
Vocês até podem ser criativos, mas isso não contará pontos. Estes virão da
acuidade, atenção às regras do jogo.
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NÃO SE ESQUEÇA:
No rascunho , formalize o PIG
P – PROPÓSITO DA REDAÇÃO
I - INTERLOCUÇÃO. QUEM ESCREVE E PARA QUEM.
G – GÊNERO...( DECORE OS GÊNEROS)
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EXERCÍCIO
1 - LEIA O TEXTO DE SCLIAR.
ESCREVA UMA CARTA A SEUS PAIS ARGUMENTANDO QUE É HORA DE VOCÊ SAIR DE
CASA. TENTE CONVENCÊ-LO.
USE TRÊS IDEIAS DO TEXTO DE SCLIAR ( PARAFRASEI-AS, NÃO USE ASPAS). 20
LINHAS.
MOACYR SCLIAR - A síndrome do ninho vazio – ou
a glória dos múltiplos ninhos?
Convenhamos, a independência dos filhos é, ao
fim e ao cabo, um triunfo para os pais
Ano-Novo, vida nova, é um dito clássico. Que, contudo, raramente se traduz em mudança real. Na maioria das vezes, continuamos levando nossas vidas, mantendo nossas rotinas, postergando nossos projetos revolucionários. Mas toda regra tem exceção, e o Beto Scliar é disso um exemplo: ele começou 2011 no seu próprio apartamento, por ele muito bem instalado e decorado. Mais do que isso, e ao menos para seus orgulhosos pais e para a Ana, está se revelando um grande dono de casa. Ou seja, é um marco em sua bela trajetória pessoal e profissional.
Em algum momento os filhos têm de sair do reduto paterno-materno. A época para isso varia de acordo com as culturas, com as famílias. Nos Estados Unidos, a independência tradicionalmente ocorre no momento em que o jovem vai para o college, que mais ou menos equivale à nossa universidade. A regra é que isso se faça com mudança de cidade (quanto mais distante melhor), e a partir daí o rapaz ou a moça terão de tomar conta de si mesmos.
Na classe média brasileira, a coisa sempre foi mais flexível, e essa flexibilidade aumentou na medida em que cresceu a expectativa de vida e na medida em que a independência, cada vez mais dependente do diploma, do mestrado, do doutorado, foi sendo adiada. Uma adolescência prolongada, portanto, mas não infinita (ou, parafraseando Vinicius, infinita enquanto dura). De qualquer modo, a ideia da família extensa, que até era um costume no período colonial (entre os ricos ao menos) foi ficando coisa do passado.
Claro, é uma mudança, e toda a mudança tem suas implicações. Amigos nos perguntaram, e com razão, se já estamos com a síndrome do ninho vazio. A expressão, provavelmente de origem americana (“empty nest syndrome”) é muito conhecida; remete a quase 200 mil referências no Google, a dezenas de artigos que analisam esta situação. Os autores apontam algumas vantagens (o refrigerador não é mais saqueado pelo filho e pelos amigos, a mãe não tem mais que arrumar quartos que parecem um cenário de guerra, a casa fica mais silenciosa), mas reconhecem que esta ordem, esta limpeza, este silêncio podem ter o seu lado melancólico. E aí sucedem-se os conselhos tipo autoajuda, que incluem até indicações de terapia.
Será que é para tanto? Convenhamos, a independência dos filhos é, ao fim e ao cabo, um triunfo para os pais. O ninho poderá ficar um tanto vazio, mas a verdade é que outro ninho surge, não raro vários deles. São casas que acolhem os pais, são lugares que lhe proporcionam surpresas. É a nossa superfície de contato com o mundo que se expande, e isso sempre é consolador.
Não é de admirar, pois, que repetidos estudos realizados a respeito (nos Estados Unidos, obviamente; onde mais?) mostrem que o índice de felicidade conjugal, avaliado através de indicadores, melhora quando os ninhos ficam múltiplos, e quando o casal pode, de certa forma, se redescobrir.
Voar É com os Pássaros era o título de um antigo e clássico filme. Não, voar não é só com os pássaros. Nós também voamos, seja nos aviões (quando os voos não são cancelados), seja através de nossa imaginação. Cada ninho, onde quer que esteja, é uma base para os sonhos. Entre eles, claro, o sonho de noSSA CASA,.
Ano-Novo, vida nova, é um dito clássico. Que, contudo, raramente se traduz em mudança real. Na maioria das vezes, continuamos levando nossas vidas, mantendo nossas rotinas, postergando nossos projetos revolucionários. Mas toda regra tem exceção, e o Beto Scliar é disso um exemplo: ele começou 2011 no seu próprio apartamento, por ele muito bem instalado e decorado. Mais do que isso, e ao menos para seus orgulhosos pais e para a Ana, está se revelando um grande dono de casa. Ou seja, é um marco em sua bela trajetória pessoal e profissional.
Em algum momento os filhos têm de sair do reduto paterno-materno. A época para isso varia de acordo com as culturas, com as famílias. Nos Estados Unidos, a independência tradicionalmente ocorre no momento em que o jovem vai para o college, que mais ou menos equivale à nossa universidade. A regra é que isso se faça com mudança de cidade (quanto mais distante melhor), e a partir daí o rapaz ou a moça terão de tomar conta de si mesmos.
Na classe média brasileira, a coisa sempre foi mais flexível, e essa flexibilidade aumentou na medida em que cresceu a expectativa de vida e na medida em que a independência, cada vez mais dependente do diploma, do mestrado, do doutorado, foi sendo adiada. Uma adolescência prolongada, portanto, mas não infinita (ou, parafraseando Vinicius, infinita enquanto dura). De qualquer modo, a ideia da família extensa, que até era um costume no período colonial (entre os ricos ao menos) foi ficando coisa do passado.
Claro, é uma mudança, e toda a mudança tem suas implicações. Amigos nos perguntaram, e com razão, se já estamos com a síndrome do ninho vazio. A expressão, provavelmente de origem americana (“empty nest syndrome”) é muito conhecida; remete a quase 200 mil referências no Google, a dezenas de artigos que analisam esta situação. Os autores apontam algumas vantagens (o refrigerador não é mais saqueado pelo filho e pelos amigos, a mãe não tem mais que arrumar quartos que parecem um cenário de guerra, a casa fica mais silenciosa), mas reconhecem que esta ordem, esta limpeza, este silêncio podem ter o seu lado melancólico. E aí sucedem-se os conselhos tipo autoajuda, que incluem até indicações de terapia.
Será que é para tanto? Convenhamos, a independência dos filhos é, ao fim e ao cabo, um triunfo para os pais. O ninho poderá ficar um tanto vazio, mas a verdade é que outro ninho surge, não raro vários deles. São casas que acolhem os pais, são lugares que lhe proporcionam surpresas. É a nossa superfície de contato com o mundo que se expande, e isso sempre é consolador.
Não é de admirar, pois, que repetidos estudos realizados a respeito (nos Estados Unidos, obviamente; onde mais?) mostrem que o índice de felicidade conjugal, avaliado através de indicadores, melhora quando os ninhos ficam múltiplos, e quando o casal pode, de certa forma, se redescobrir.
Voar É com os Pássaros era o título de um antigo e clássico filme. Não, voar não é só com os pássaros. Nós também voamos, seja nos aviões (quando os voos não são cancelados), seja através de nossa imaginação. Cada ninho, onde quer que esteja, é uma base para os sonhos. Entre eles, claro, o sonho de noSSA CASA,.
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